BRAD WILL, americano, México
O repórter gráfico e documentarista Bradley Ronald Will viajou mais de 3.000 km, de Nova York a Oaxaca, México, para encontrar a morte em meio à violência que assolou Santa Lucía del Camino, povoado de estilo colonial que estava praticamente em chamas.
Will era freelancer, não tinha credenciais de imprensa internacional e usava como referência apenas aIndymedia, uma organização novaiorquina.
Com seus cabelos compridos partidos ao meio e presos para trás, óculos de lentes muito grossas e barba, Will era um jovem jornalista que sentia ter um grande compromisso na construção de uma nova comunidade. Filmou momentos cruciais em diversos locais da América Latina.
Em Oaxaca, pistoleiros com armas automáticas e a serviço do governador Uro Ruiz enfrentaram os rebeldes mascarados que se escondiam onde podiam. Os mortos jaziam sobre o asfalto de uma ruela. Os jornalistas estrangeiros eram mal vistos pelo governo local, e sua emissora de rádio encorajava a xenofobia. Em 27 de outubro de 2006, Will conseguir filmar grande parte do conflito. Segurando firme na sua câmera em meio ao tiroteio, procurava a melhor imagem, até que conseguiu encontrá-la: concentrou-se em dois assassinos disparando suas armas. A câmera registrou o som da bala final, segundos depois caiu no chão, e Will transformou-se no protagonista da cena.
Sua morte continua sem punição, apesar dos esforços da sua família para dar continuidade à investigação. Uma organização não governamental dos Estados Unidos realizou também sua própria investigação no México e contribuiu com o trabalho da Procuradoria-geral da República.
Os pais de Will já viajaram várias vezes de Milwaukee a Oaxaca para tentar encontrar uma resposta para a pergunta que já foi feita milhares de vezes: “Quem matou seu filho Brad?”. Frustrados e decepcionados, eles conseguem apenas concluir pela falta de justiça. Os assassinos caminham livres, intocáveis, e reina a impunidade.
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