SANTIAGO LEGUIZAMON, Paraguai
Era mecânico de aviões e engenheiro de voo, mas para além do ruído dos motores, hélices e turbinas buscava momentos de tranquilidade para poder escrever textos em prosa, poesia e teatro. Possuía um talento natural para a escrita, decidiu estudar jornalismo e se formou em Comunicação Social.
Santiago Leguizamóniniciou então uma outra fase da sua vida, a qual viveu de forma apaixonada durante 16 anos em Pedro Juan Caballero, departamento de Amambay, Paraguai. Escreveu para jornais e revistas, trouxe seus comentários e imagens trabalhando como correspondente para rádios e emissoras de TV de todo o país. Seu programa de rádio matinal, “Puertas Abiertas”, era considerado a voz dos sem voz na fronteira seca entre Paraguai e Brasil.
Como jornalista experiente, começou a criticar os negócios ilícitos, principalmente na estrada que é terra de ninguém e que separa (ou une) Pedro Juan Caballero (Paraguai) e Ponta Porã (Brasil). Sua emissora Mburucuyá denunciava frequentemente a corrupção no local, o contrabando, o narcotráfico e a lavagem de dinheiro. As críticas incomodavam o crime organizado.
No Paraguai, o Dia do Jornalista é comemorado em 26 de abril. Foi esse dia o escolhido em 1991 para calar definitivamente a voz dos sem voz, e provocar a dor, que substitui as comemorações. Leguizamón (então com 41 anos, casado, pai de quatro filhos) foi vítima de uma emboscada. Quatro brasileiros, supostamente contratados para matá-lo, o alvejaram com 21 balas, segundo relatório do médico forense.
O lento processo judicial já passou por várias trocas de juízes e promotores, os quais foram ameaçados. Suspeitos foram soltos, provas e testemunhas desapareceram. A SIP apresentou o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e reiterou às autoridades seu apelo por justiça. Em março de 2009 e a pedido da SIP, o presidente Fernando Lugo solicitou que o poder Judiciário esclarecesse o crime que está impune por quase 20 anos.
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