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Aristeu Guida da Silva
12 de maio de 1995

Caso: Aristeu Guida da Silva



* Aristeu Guida da Silva,propietario de la Gazeta de São Fidélis, nunca pensó que las investigaciones sobre corrupción política....:

1 de novembro de 1999
Ana Arana

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Aristeu Guida da Silva, dono do Gazeta de São Fidélis, nunca pensou que suas investigações sobre a corrupção política em sua cidade natal causariam sua morte. Pensou que estava simplesmente fazendo seu trabalho e exercendo seu direito de eleitor. É o que dizem seus amigos.

"Pensava que a pena era mais poderosa,que era um escudo contra seus inimigos", lembra o amigo e mentor Edilson Gomes. "Dizia-lhe: não seja criança, não seja ingênuo, essas pessoas podem persegui-lo", disse Gomes, um jornalista de 54 anos da cidade de São Gonçalo.

Gomes teme a retaliação dos que mataram Guida da Silva porque é uma das mais fortes testemunhas no julgamento."Quando o mataram,mataram um filho", disse Gomes.

Ele não acredita que haverá justiça no caso."Um dos assassinos está livre por habeas corpus; o outro está foragido.Moro em um apartamento com câmeras e com segurança exagerada.Acho que não estou sendo tão corajoso quanto devia ",disse.

Por que mataram Guida da Silva?

Guida da Silva era corajoso,honesto,decidido e adorava roupas brancas."A cor determinava sua personalidade ",disse Gomes,e seu rosto iluminou-se por um momento ao lembrar-se do amigo.

atista devotado,Guida da Silva nunca fumou ou bebeu.Decidiu abrir seu próprio jornal quando trabalhava como assistente na Assembléia Nacional no Rio de Janeiro,onde lia o jornal de Gomes,o Grande Rio .Gomes,que foi eleito membro da Câmara Municipal de São Gonçalo graças a seu trabalho jornalístico,observou que Guida da Silva ficou impressionado com o trabalho que se podia fazer em um jornal local.

"Não estava interessado em política,mas queria acompanhar o trabalho dos políticos da sua cidade natal."

Guida da Silva publicou o Gazeta de São Fidélis durante quatro anos.Em pouco tempo o jornal criou um público e obteve anunciantes suficientes através dos empres ários locais para ser publicado quinzenalmente.

A cobertura jornalística melhorava ano a ano."Era como um detetive particular, não um jornalista comum ",disse o dono de uma emissora de rádio de São Fidélis. Sem nenhuma formação jornalística,Guida da Silva criava os artigos com fotografias e análise.Tinha esse sexto sentido que os editores tanto admiram nos grandes jornalistas.

Ao ouvir rumores de que o presidente da Câmara Municipal,David Loureiro, havia comprado carros novos para a cidade porque tivera um acidente grave,Guida da Silva foi ao hospital para descobrir se ele havia sido tratado ali.Descobriu também o carro envolvido no acidente e viu que tinha apenas um arranhão.A foto que tirou do carro foi publicada no jornal.

"Vinha de família humilde,mas tinha ótimas noções morais e sobre a vida.Esses eram os princípios que afirmava freqüentemente em seus artigos.Eu lhe dizia para não se aprofundar demais,e que a lei da terra é matar."

São Fidélis,que fica a 180km da capital do estado do Rio de Janeiro,é conhecida no estado por suas violentas gangues criminosas.Esses "grupos de extermínio " trabalham com grupos criminosos locais ou traficantes de drogas.Juntos,executam pessoas que consideram intrusas quando não concretizam seus negócios de tráfico de drogas,realizam vinganças,fazem justiça com as próprias mãos.Vários desses grupos possuem membros que fazem parte da polícia.

São Fidélis teve um importante papel na virada do século no Brasil devido à sua proximidade com os rios importantes.Desde então,entretanto,transformou-se em uma cidade abandonada,praticamente esquecida pela civilização.É uma grande produtora de cana-de-açúcar e é também conhecida por seu festival anual de poesia.

O esquadrão da morte de São Fidélis,chamado Cerol,é supostamente respons ável por vários assassinatos,entre eles o de Guida da Silva.

O jornalista conhecia São Fidélis e seus perigos.Inclusive os membros do Cerol. Nascera na cidade,onde morara quase toda a vida,com exceção dos anos em que trabalhou no Rio de Janeiro.Seu pai era carpinteiro e sua mãe dona de casa.

"Guida nunca pensou que fossem atac á-lo,porque pensou que só atacavam criminosos ",disse Gomes,irado."Mas antes de morrer,enviou-me uma lista com os nomes dos que queriam matá-lo e porquê ",acrescentou.

O Crime

A situação de Guida da Silva tornou-se fatal em 4 de maio de 1995,oito dias antes de ele ser alvo de uma emboscada em uma rua escura enquanto conversava com um amigo que era também vereador.Nesse dia,havia sido convidado pelo presidente da Câmara a participar da sessão em que seria homenageado.

"Ele me ligou e me disse que a Câmara iria dar-lhe um prêmio.Eu respondi :não seja ingênuo,por que iriam lhe dar um prêmio se tudo o que você tem feito é dar-lhes dores de cabeça?",disse Gomes.

Guida da Silva foi à reunião levando uma câmera e um gravador.Tirou fotos e gravou toda a sessão,incluindo os insultos que lhe foram dirigidos pelo próprio Loureiro e os vereadores Juarez Carlos Rodrigues da Silva e Ricardo de Oliveira Barreto.O vereador Nelson Henriquez de Souza propôs uma moção de repúdio contra o jornalista.

Os ataques eram uma resposta aos artigos que Guida da Silva havia escrito recentemente.Um deles acusava Loureiro de malversação de fundos públicos.Outro incluía uma foto do vereador Rodrigues da Silva,conhecido como Joaninha,com seus pés sobre uma mesa em plena sessão da Câmara.Embai xo da foto,uma legenda descrevia como Rodrigues da Silva não respeitava o local.

A reunião assustou Guida da Silva.Quando saiu,foi alvo de uma emboscada e teve o rosto golpeado por desconhecidos que supostamente trabalhavam para Rodrigues da Silva.Guida da Silva teria dito ao vereador que na próxima edição do jornal publicaria um artigo com detalhes sobre seus negócios ilícitos.

Guida da Silva ligou para Gomes,que disse-lhe para ir à polícia e registrar quei xa. Mas ninguém registrou a quei xa na delegacia,de modo que o jornalista recorreu ao tribunal de justiça local.

No dia seguinte,a Câmara Municipal distribuiu a resolução de repúdio na qual descrevia o jornal de Guida da Silva como "um meio de comunicação que pratica jornalismo de forma suspeita,interesseira,irrespons ável,e especialmente mercenária."

Mas a parte mais assustadora do documento dizia:"A natureza humana tolera até certo ponto as interferências externas.Em certos momentos,em que sentimos nossa privacidade violada,podemos incorrer em atos irracionais,independente de nossa irritação ".

A Câmara apresentou a resolução à polícia e ao tribunal,aparentemente para encontrar uma forma legal de deter a circulação do jornal de Guida da Silva.A resolução teve efeito sobre os que tinham raiva de Guida da Silva e temiam o que viria na próxima edição.

Crime e artigo

Guida da Silva foi surpreendido por seus assassinos em 12 de maio de 1995. Apenas oito dias haviam se passado desde a reunião na Câmara.Estava parado na Rua Faria Serra,eram pouco mais de 20 horas,e ele conversava com o amigo Josmar Geraldo Assunção,um dos poucos membros da Câmara que não haviam assinado a moção de repúdio.

Guida da Silva levava em sua maleta todas as fotos,artigos e outras informações que pretendia incluir na próxima edição do Gazeta de São Fidélis.

Em seu artigo,o jornalista apontava Rodrigues da Silva,seu advogado,José Estefan, e outros envolvidos em uma complicada história de roubo de carros.Mencionava também todos os chefes do esquadrão da morte local.

Os documentos legais indicam que o vereador Rodrigues da Silva pagou para que assassinassem Guida da Silva depois que este lhe informou que publicaria detalhes de suas atividades ilegais.

Enquanto Guida da Silva conversava com Assunção,um homem encapuzado aproximou-se por detrás dele e disparou um tiro nas costas do jornalista.

O corpo de Guida da Silva tombou na calçada e Assunção subiu correndo os degraus,entrando em casa.Uma motocicleta Yamaha vermelha com dois homens mascarados aproximou-se.O homem sentado no banco do carona fez vários outros disparos.O homem encapuzado que estava a pé pegou a maleta e fugiu.

Nos dias que se seguiram,São Fidélis encheu-se de rumores.Todos falavam em sussurros.Todos sabiam os nomes dos assassinos.O chefe da polícia local começou a interrogar todos os vereadores,que descreveram Guida da Silva como um homem cujas reportagens haviam lhe trazido muita inimizade.

Em pouco tempo,a família de Guida da Silva soube os nomes dos suspeitos : Rodrigues Silva;Carlos Marques de Pinho,policial militar;Isael dos Santos Rosa, conhecido como Benzinho,e Wladimir Raienieri Pereira Sobrosa.

Segundo várias versões contadas à família do jornalista e depoimentos incluídos nos documentos legais,essas quatro pessoas prepararam um plano s ádico para matar o jornalista.

Após o assassinato

Pouco depois do assassinato,houve denúncias de que Marques de Pinho e dos Santos Rosa chegaram na moto vermelha em uma casa próxima ao local do crime. Testemunhas viram os homens lavando as mãos com cachaça.Segundo depoimentos oficiais,essa é uma marca registrada dos membros do Cerol.

No velório de Guida da Silva,dos Santos Rosa acendeu uma vela a seus pés,ato que é outra marca registrada do esquadrão,segundo testemunhas.

A família de Guida da Silva trabalhou sem cessar para conseguir testemunhas para o caso.No primeiro mês após o assassinato,não se conseguiu testemunhas para iniciar o caso.Depois,soube-se que o chefe de polícia,Feliciano Silva Guimarães Filho,era amigo íntimo de Rodrigues da Silva e de outros suspeitos no assassinato, segundo documentos legais e entrevistas com fontes jurídicas na cidade do Rio de Janeiro.

Segundo Gomes e os arquivos legais,o chefe de polícia recebera presentes do Cerol,entre eles um carro roubado.Foi só em 3 de julho de 1995,quando Gomes publicou uma história em seu jornal Grande Rio ,que teve início a investigação.As testemunhas começaram a aparecer.

A investigação

A juíza e a promotora investigaram o caso exaustivamente.Seu interesse é exemplar em um caso no qual um juiz designado ao caso foi removido por ter recebido ameaças de morte por parte dos supostos assassinos.O caso tem mais de 700 páginas.O juiz e a promotoria têm tomado cuidado para documentar tudo detalhadamente.

Como escreveu a promotora Ana Cristina Huth Macedo em um resumo do caso preparado para o Ministério Público do Rio de Janeiro,"sabe-se que o crime afeta um grande número de grupos influentes porque membros da Câmara Municipal foram identificados como as pessoas que pagaram pelo assassinato de Guida da Silva e os membros do Cerol,o grupo de extermínio,como executantes do assassinato."



Os tentáculos do Cerol chegaram até à principal sede da polícia.Em 26 de novembro de 1996,o promotor Macedo Viana escreveu para o gabinete da Procuradoria do Estado do Rio de Janeiro pedindo que as investigações sobre o caso de Guida da Silva fossem feitas na cidade do Rio de Janeiro,visto que os delegados de São Fidélis e os de Campos (cidade próxima)tinham estreitas relações comerciais com os suspeitos do assassinato.

A acusação da Procuradoria baseia-se no depoimento de mais de doze testemunhas, entre elas uma pessoa que estava presa devido a acusações não relacionadas ao caso de Guida da Silva.

Reunidos em sete volumes no Fórum de São Fidélis,os documentos apresentam detalhes de um complicado plano de assassinato e uma tentativa ainda mais complexa de impedir que o caso fosse levado aos tribunais.

Segundo informações legais,os acusados do assassinato são:Juarez Carlos Rodrigues Silva,Carlos Marques de Pinho,Isael dos Anjos Rosa,e Vladimir Rainieri Pereira Sobrosa.Os documentos dizem que o primeiro planejou e pagou pelo assassinato e que os outros três,que conheciam Guida da Silva,foram contratados para executá-lo.

A juíza afirmou que não podia determinar qual dos três atirou em Guida da Silva, mas em sua decisão,emitida em 30 de junho de 1998,disse:"Todos colaboraram na execução do crime,aparecendo no local do crime em uma motocicleta.E enquanto um atirava na vítima,os outros estavam por trás,fornecendo cobertura para o crime ".

Entretanto,nos dois últimos anos,várias testemunhas que foram ameaçadas de morte negaram seus depoimentos iniciais."Desse jeito,eu sou o único que vai depor. Terei que entrar em São Fidélis escoltado pela polícia e com um colete à prova de balas,senão levarei um tiro ",disse Gomes.

Poucas testemunhas denunciaram ser vítimas de perseguição ou de ameaças de morte;outras simplesmente negaram seus depoimentos anteriores ou desapareceram. Luciano de Azevedo Rodrigues,casado com a sobrinha de Guida da Silva,disse que foi seguido por um homem armado em uma moto e que vários homens seguiram também os movimentos de seus amigos.

Azevedo Rodrigues disse ao tribunal que temia por sua vida e por sua família. Outra testemunha,Delcio Mello Mouta,amigo de Guida da Silva que havia testemunhado sobre as ameaças contra a vida do jornalista,foi mais fraco.Ao depor pela segunda vez,disse que quando tinha dado o primeiro depoimento estava sob tratamento para um ferimento na cabeça,o que o dei xara delirante e o levara a fazer falsas acusações.

A verdade é que São Fidélis pode ser descrita como uma cidade sem lei.A família de Guida da Silva também está assustada.Sua irmã,Angela de Fátima Guida da Silva,recusou-se a falar quando recebeu a visita da SIP."Só falo na presença do meu advogado ",disse suavemente.Ela mora com os pais em uma casa modesta no centro de São Fidélis.O pai de Guida da Silva ignorou os visitantes e afastou-se,indo para dentro da casa.A esposa do jornalista está cada vez mais desinteressada em dar seguimento ao caso e trabalha atualmente na Câmara Municipal.

Alguns dias depois da visita à família,a irmã mostrou-se mais loquaz."Estamos sendo muito cuidadosos porque todos na cidade sabem quem o matou e quem foi o mandante do crime ",disse,em um sussurro.Mas seu advogado,Gerardo Machado,recusou-se a colaborar com a SIP."Por que devo confiar em vocês?", respondeu,quando foi informado de que a missão da SIP pretendia dar seguimento à investigação.Machado recomendou à família de Guida da Silva que não falasse ou cooperasse.

O clima em São Fidélis ficou mais tenso quando,em maio de 1997,Rodrigues da Silva foi solto por uma decisão de habeas corpus .Seus advogados convenceram um juiz de que ele não era uma ameaça para as testemunhas.Na cidade,essa libertação era vista como uma vitória de Rodrigues da Silva e seus amigos.O vereador tinha concorrido para reeleição e tinha vencido.Alguns afirmam que ganhou porque comprou votos,prática comum na região."Vocês precisam entender essa cidade. Eles são mafiosos e tomam contam de tudo;por isso,as pessoas morrem de medo. Sabem comprar e amedrontam todo mundo ",comentou Gomes.

O medo aumentou quando Marques de Pinho fugiu da prisão.Pinho é um dos assassinos de Guida da Silva e ex-cabo da polícia militar da cidade de Campos,São Fidélis e áreas próximas.O assassino fugiu de sua cela no Batalhão 8,onde estava preso também por ter assassinado um empres ário local.

Na obscura sede do Batalhão 8 há um pôster afixado na parede com a foto de Pinho,indicando que é procurado pelas autoridades."Foi negligência de alguém ", disse o tenente Tavares,chefe do batalhão.Doze policiais estão sendo investigados por supostas ligações com a fuga.

Assim que os familiares de Guida da Silva souberam da fuga de Pinho,ligaram para Edilson Gomes."É claro que estou com medo.Ele é um dos assassinos ", disse Gomes.

A sede da polícia em São Fidélis fica em um prédio com paredes cinzentas e sujas.O delegado Autair Quirós,um homem com cabelos grisalhos e de pele bronzeada,ficou irritado com a chegada de um novo prisioneiro,Vladimir Rainieri Pereira Sobrosa.

"Ele não é meu prisioneiro ",respondeu,pelo telefone,a um policial na cidade do Rio de Janeiro.

Pereira Sobrosa conseguiu ser transferido para a prisão de São Fidélis,apesar dos pedidos de um juiz para que ficasse no Rio.

"Fui enviado para c á por um delegado simpático na última cidade em que fui preso ",disse Pereira Sobrosa,em entrevista."Ele ficou com pena porque sou inocente.Entrei nessa por causa de uma declaração de um prisioneiro.Ninguém disse que participei do crime ",disse.

Pereira Sobrosa descreveu a si mesmo como um homem trabalhador "que não devia estar preso ".Disse que não conhecia Guida da Silva ou os relacionados ao crime.Quei xou-se das prisões nas quais havia estado."São inumanas ",disse, apontando na direção de onde vinham gritos de prisioneiros."Fui mandado para essa prisão de alta segurança.Um homem veio e tentou me tirar da cama.Eu acordei e disse-lhe que antes precisaria me matar ",disse o réu,descrevendo uma situação que ocorrera quando estivera preso anteriormente.

Haverá justiça no caso de Guida da Silva?,perguntamos a Gomes."Não sei ", respondeu."O julgamento não deveria ser feito em São Fidélis,mas no Rio de Janeiro.Onde quer que seja,esses assassinos conseguirão matar mais gente ou comprar todo mundo ",concluiu Gomes.

Até maio de 1999,o processo pelo assassinato de Guida da Silva aguardava julgamento –ainda sem data marcada –dos três acusados.

A juíza foi transferida para outro setor da Justiça de São Fidélis.O julgamento seria realizado pelo juiz Pedro Henrique Alves,que assumiu o Tribunal Penal de São Fidélis em 5 de fevereiro de 1999.

O julgamento deveria ser realizado perante um tribunal do júri,formado por sete pessoas da comunidade local e não através de análise e sentença emitida pelo juiz de direito.

A quantidade de recursos legais à disposição dos réus durante a tramitação dos processos,que permite atrasar as decisões,somada à transferência de juízes e advogados,têm contribuído para a demora no esclarecimento dos crimes no Brasil e,em grande parte,para sua impunidade.

Dos quatro denunciados pelo Ministério Público Estadual,apenas Pereira Sobrosa está preso.O ex-policial militar Marques de Pinho e dos Santos Rosa estão foragidos. O quarto réu,o vereador Rodrigues da Silva,foi assassinado em 16 de agosto de 1998.O vereador foi morto com quatro tiros –dois nas costas e dois no rosto – quando chegava à casa de uma amiga,no centro de São Fidélis.Preso em abril de 1997,acusado de ter ordenado o assassinato do jornalista,Rodrigues da Silva cumpriu apenas um mês e meio de prisão porque a justiça permitiu que respondesse a processo em liberdade.

O ex-policial Marques de Pinho fugiu da prisão do Batalhão 8 da Polícia Militar, quartel da própria Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro,na cidade vizinha de Campos.Em 18 de agosto de 1997,Isael dos Santos Rosa foi colocado em liberdade ao ser absolvido de outro crime.Quando fez-se a denúncia de que seria processado também pela morte de Guida da Silva,j á havia desaparecido e não foi processado.Por ser o único réu preso, Pereira Sobrosa deverá ser julgado ao longo do processo.

O que se comprova nesse caso,como em outros semelhantes,ocorridos em regiões marcadas pela violência,é que nem a Polícia nem o sistema carcerário atuaram com a devida diligência para manter os réus presos,depois da decisão judicial,durante o processo.A lentidão dos processos contribui para que os suspeitos fiquem em liberdade ou que fujam, enquanto outros réus aguardam julgamento em liberdade.

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