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Brasil
15 de abril de 2013
Mais um jornalista assassinado em Minas Gerais: o segundo em 40 dias
Clarinha Glock, URR-Brasil


Walgney Assis Carvalho (Foto www.diariopopularmg.com.br)
Um clima de terror tomou conta dos jornalistas da Região Metropolitana do Vale do Aço, em Minas Gerais. Menos de 40 dias depois do assassinato do jornalista Rodrigo Neto, ocorrido em 8 de março de 2013 na cidade de Ipatinga, o repórter fotográfico Walgney Assis Carvalho, 43 anos, foi assassinado a tiros. por volta das 22h30min de 14 de abril de 2013.

Carvalho estava em um bar da cidade de Coronel Fabriciano, a cerca de 211 quilômetros da capital, Belo Horizonte, e a 14,3 quilômetros de Ipatinga. Segundo testemunhas, um homem atirou três vezes contra o repórter fotográfico, depois caminhou calmamente alguns metros até chegar a uma moto e fugiu. O atirador tinha sido visto rondando o estabelecimento desde o início da noite. Os dois crimes podem estar relacionados.

Assim como Neto, Carvalho trabalhava como freelance para o jornal Vale do Aço. Além disso, prestava serviços como fotógrafo para a perícia da Polícia Civil. Mantinha fontes entre policiais e funerárias. "Ele costumava varar madrugadas em plantões, e era conhecido por chegar nos locais de crimes às vezes até antes da polícia", contou um amigo, que prefere não se identificar com medo de represálias. Lembrou que o repórter fotográfico era expansivo e brincalhão, mas depois da morte de Neto andava mais reservado e discreto.

O deputado estadual Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado, disse que há indícios de que Carvalho tenha recebido informações sobre a morte de Neto e que teria sido assassinado como queima de arquivo.

O deputado declarou à imprensa local que três dias após o assassinato de Neto houve um telefonema anônimo informando que o fotógrafo conhecia os criminosos e corria risco de vida. A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia vai realizar uma Audiência Pública em Ipatinga no início de maio para pedir rigor e agilidade na apuração dos dois casos.

O deputado e a ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, estiveram no 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga em 19 de março para obter informações e solicitar agilidade na identificação e punição dos responsáveis pela morte de Neto. Formado por amigos, familiares e jornalistas, o Comitê Rodrigo Neto pediu então à ministra Maria do Rosário que o caso passasse a ser investigado pela Polícia Federal, devido às suspeitas de envolvimento de policiais locais. "Ainda não tivemos retorno sobre o pedido", observou um representante do Comitê que pediu que seu nome não fosse publicado.

O governador do Estado, Antonio Anastasia, determinou uma "apuração rigorosa" dos dois casos, e enviou a Ipatinga o chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa, Wagner Pinto, para conduzir pessoalmente as investigações. "As apurações também contemplarão as denúncias de que um grupo de extermínio estaria agindo na região", anunciou Anastasia em nota enviada à imprensa.

Na tarde do dia 15 de abril, o subsecretário de Segurança Pública e Defesa Social do Estado, Daniel de Oliveira, e o delegado Wagner Pinto convocaram uma entrevista coletiva. Na ocasião, comunicaram que as Corregedorias da Polícia Militar e Civil vão investigar se há envolvimento de policiais nos assassinatos dos dois jornalistas, já que Rodrigo Neto publicou artigos descrevendo crimes não elucidados em que havia suspeita de participação da polícia. Oliveira sugeriu aos repórteres que tomem cuidado, tenham calma e comuniquem qualquer comportamento estranho. Mas muitos profissionais da região estão cogitando pedir demissão, disse um jornalista que trabalhou com Neto e Carvalho. "Outros dois colegas foram ameaçados e têm medo. Ninguém quis substituir Neto na editoria de polícia do jornal", observou.

O Comitê Rodrigo Neto criou um blog para divulgar as notícias sobre o crime. No blog http://comiterodrigoneto.blogspot.com.br/ é possível ler as reportagens feitas por Neto sobre os crimes impunes cometidos na região conhecida como Vale do Aço ou Siderúrgica, no leste do Estado de Minas Gerais, assim chamada devido à presença de grandes empresas exportadoras do produto. O Comitê também divulgou uma Carta Aberta à População, pedindo segurança e fim da impunidade:

CARTA À POPULAÇÃO

A execução do repórter-fotográfico Walgney Assis Carvalho, conhecido como Carvalho, freelancer do jornal "Vale do Aço”, instalou o terror entre os jornalistas do Vale do Aço. Diante do cenário de impunidade e da falta de segurança, os profissionais de imprensa estão perplexos e temerosos sobre quem pode ser a próxima vítima, já que desde o assassinato de Rodrigo Neto nenhuma medida foi tomada para responsabilizar e prender os culpados, o que torna todos, indistintamente, alvos fixos na alça de mira dos assassinos.

A situação torna-se ainda mais crítica se analisada sob o ponto de vista do cerceamento da liberdade de expressão, impondo o silêncio à bala, porque é um atentado explícito ao Estado Democrático de Direito, sem que as autoridades esbocem qualquer reação para impedir tamanha violação. Historicamente, sob o domínio do medo, os povos assistiram silenciosos a aurora dos regimes totalitários, o surgimento das ditaduras, o extermínio de povos inteiros. Claro, antes silenciaram os jornalistas. No Vale do Aço, estamos tendo um exemplo de como isso acontece. Trata-se de uma zona conflagrada, tanto quanto enclaves em guerra civil. Mata-se um, nada acontece, não há punição, o tempo passa – e nem precisa ser muito tempo –, mata-se outro, e por aí vamos, de tragédia em tragédia até a tragédia final. Todos assistindo passivamente, impotentes, fracos diante dos criminosos. Ninguém está seguro.

O Estado que nos cobra compulsoriamente os impostos do nascimento à morte não serve sequer para nos dar a segurança necessária para trabalhar na construção da sociedade livre e democrática que precisamos ter. Ao contrário, em muitos casos, treina e arma os assassinos que continuam à solta, sob a sua tutela.

Agora, o que se discute não é mais o motivo dos assassinatos. É até quando eles vão continuar impunes. É quem vai garantir a segurança dos jornalistas que precisam trabalhar para manter a sociedade informada.

Se o Estado não perdeu o controle da situação no Vale do Aço, onde os assassinatos de jornalistas e cidadãos comuns ocorrem quase diariamente e permanecem na impunidade, que as autoridades digam e demonstrem na prática quem está no controle da situação.

Nós, jornalistas e comunicadores, aterrorizados, psicologicamente arrasados com a situação e temerosos em ter que continuar a escrever os fatos com sangue de nossos pares, exigimos respostas, proteção e segurança.

COMITÊ RODRIGO NETO





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