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Luiz Carlos Barbon Filho
5 de maio de 2007

Caso: Luiz Carlos Barbon Filho



Delegado pede mais prazo para investigar o crime:

9 de junho de 2007
Por Clarinha Glock

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Trinta dias após o assassinato de Luís Carlos Barbon Filho, ocorrido em 5 de maio de 2007, as investigações continuam, mas nenhum suspeito foi preso.

Porto Ferreira, São Paulo. A pressão da imprensa nacional e internacional e de entidades de classe ajudou a fazer com que as investigações passassem da delegacia local para a seccional, com acompanhamento de policiais de São Paulo - o que indica que os envolvidos na morte podem estar ligados à administração pública ou à polícia. A transferência para outra cidade evita que autoridades do município façam pressão sobre os encarregados de investigar o crime.

O delegado Gilberto de Aquino, da Delegacia de Investigações Gerais da Seccional de São Carlos (cidade próxima a Porto Ferreira), informou em 7 de junho de 2007 que pediu a prorrogação do prazo para finalizar o inquérito policial, já que Barbon Filho era muito polêmico e há mais de um suspeito sendo investigado. “A autoria ainda não foi definida, estamos aguardando o resultado dos laudos dos exames periciais”, afirmou.

As ameaças aos familiares cessaram. Mas os amigos de Barbon Filho pedem que a imprensa não deixe o crime ser esquecido. O radialista Jota Reis, da Rádio Porto FM, acredita que, sozinhos, os jornalistas da região poderão ficar muito expostos ao falar do caso. Além disso, o próprio delegado lembra que as denúncias feitas por Barbon Filho ainda não foram apuradas. “Tinham procedimento?”, pergunta. “Se as denúncias não forem apuradas, valeu a pena Barbon Filho ter morrido?”, questiona na qualidade de cidadão o delegado Aquino.

Dois tiros calaram Luís Carlos Barbon Filho

Até pouco tempo, Porto Ferreira, a 227 quilômetros de São Paulo, era famosa apenas como a Capital da Cerâmica Artística, devido às fábricas distribuídas ao longo da estrada de acesso. Em 2003, um escândalo envolvendo vereadores, empresários e comerciantes locais, acusados de exploração sexual de adolescentes, tornou a cidade com cerca de 54 mil habitantes conhecida em nível nacional. O caso, que teve ampla repercussão, foi praticamente esquecido, a ponto de os acusados, em sua maioria condenados, terem conseguido abrandar a pena. Mas a história voltou às manchetes dos jornais quando, no dia 5 de maio de 2007, dois homens com capacete em uma motocicleta assassinaram Luís Carlos Barbon Filho, um jornalista polêmico e incisivo, que havia denunciado no jornal Realidade o envolvimento dos políticos no escândalo de 2003.

Nos últimos tempos, Barbon Filho fazia críticas ferozes, na Rádio Porto FM e no Jornal do Porto de Porto Ferreira, às irregularidades praticadas por policiais e por políticos locais. O crime aconteceu quando Barbon Filho, 37 anos, estava no Bar das Araras, próximo à Rodoviária de Porto Ferreira, numa mesa na rua.

Conversava com o dono do bar. Por volta das 21h, o proprietário saiu para atender o telefone. Neste momento, chegaram duas pessoas numa moto. Uma delas desceu e disparou com uma arma calibre 12: um dos tiros atingiu a lateral dorsal e outro a perna de Barbon Filho, que foi levado a um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
O delegado Eduardo Henrique Palmeira Campos, encarregado das investigações no primeiro momento, associou logo a hipótese de a morte ter sido represália por alguma denúncia feita por Barbon Filho nos jornais ou na rádio onde trabalhava.

As características do crime – uso de arma calibre 12 e sem deixar rastros -, indicam que os assassinos eram profissionais.
O advogado Ricardo Ramos, que se ofereceu para ajudar Kátia Rosa Camargo, viúva de Barbon Filho, descartou a possibilidade de o assassinato estar relacionado com as denúncias feitas em 2003. Ramos, que é também advogado de um dos denunciados na época do escândalo, disse que se aproximou da viúva porque ele e Barbon Filho eram muito ligados, e mesmo os vereadores condenados pela exploração sexual de adolescentes já haviam se tornado “amigos” do jornalista. Um dos acusados - cliente de Ramos e empresário da cidade - é considerado foragido pela Justiça.

Na visão de Ramos, no entanto, seu cliente “apenas saiu para pescar e esqueceu-se de voltar”.
Ramos está empenhado em afastar as suspeitas sobre seu cliente e os demais envolvidos. Tanto que, quando a imprensa nacional divulgou o assassinato e lembrou da matéria feita por Barbon Filho em 2003, ele fez contato com a principal rede de televisão do país, a Globo, para esclarecer que o jornalista pretendia fazer uma nova reportagem para contar a “verdadeira” história do escândalo, que suas críticas recentes não tinham a ver com aquela situação.

É Ramos quem acompanha a viúva em declarações na Justiça, na missa e em entrevistas. Kátia vive assustada, com os dois filhos – uma jovem de 14 anos e um menino de 10 anos que é uma miniatura do pai, tão esperto e ousado como ele. Logo depois do crime, a casa onde vivem foi alvejada por tiros e ela começou a receber telefonemas de madrugada de alguém que não falava nada do outro lado da linha. Um carro suspeito rondou sua residência. E o pai do jornalista, que vive em Tambaú, também foi vítima de ameaças e intimidações.

Uma semana após o assassinato, alertada sobre o risco a sua vida e dos filhos, Kátia saiu de sua casa com as crianças. Ela procura não ficar muito tempo no mesmo local.

A voz do povo e a proteção divina

“Barbon dizia que era a voz do povo”, lembra Kátia Rosa Camargo, com quem o jornalista vivia há 15 anos. Os dois se conheceram na Rádio Primavera, onde ele vendia publicidade e ela trabalha como secretária.

Barbon Filho queria concorrer novamente a vereador nas próximas eleições - havia se candidatado nas eleições de 2004 pelo Partido Verde (PV), mas obteve somente 80 votos. Graças a suas manifestações na rádio, muita gente o procurava para fazer denúncias. Barbon Filho falava, com seu jeito contundente e com os muitos erros de concordância gramatical que denunciavam sua pouca escolaridade, sobre a sujeira e os buracos das ruas, sobre a falta de iluminação, de remédios, e tudo mais que considerava injustiça contra pessoas humildes, geralmente em discursos inflamados contra a administração municipal. ”Espero que toda vez que eu venha aqui eu possa ser a palavra engasgada que muitos têm vontade de falar, agir, e que eu possa estar aqui representando essa população sofrida, sem motivo de ser tratada com tanto descaso por essa administração chamada cidadã”, disse Barbon Filho em uma de suas últimas participações na Rádio Porto FM.

Sua renda dependia principalmente da venda de anúncios publicitários, e o dinheiro que sobrava no mês era investido na construção da casa da família, conta Kátia. O objetivo era terminar de construir uma piscina e uma churrasqueira na parte de cima da residência e alugar para festas “para aumentar a renda no fim do mês”. Segundo a viúva, o telefone fixo de casa havia sido desligado antes mesmo da morte de Barbon Filho, para evitar gastos e ameaças.

Kátia diz que seu marido recebeu bilhetes escritos à mão, em letra de forma, dizendo que iram matá-lo. Ele não dava muita atenção, achava que era apenas para amedrontá-lo. Há dois anos, jogaram uma garrafa com gasolina na casa, mas por sorte caiu numa valeta, e não atingiu o objetivo. “Barbon dizia que não tinha medo de nada porque o homem do olho azul (Cristo) estava olhando por ele - era ele e Deus”, explica.

Nos últimos dias, no entanto, havia mandado aumentar o muro de proteção em torno de sua residência temendo que alguém a invadisse. “Ele queria comprar um colete à prova de balas”, informa Kátia.

Carreira como repórter começou por acaso

Até o dia do crime, o Jornal do Porto, de Porto Ferreira, publicava quase que semanalmente textos feitos por Barbon Filho em duas colunas de página tamanho standard, cercadas dentro de um quadro - o tamanho variava conforme a edição e a denúncia. O texto sempre trazia a foto e a assinatura dele, bem como o número do registro de sua Carteira de Identidade. João Roberto Bellini, um dos proprietários do Jornal do Porto, informa que Barbon Filho não era contratado do jornal, apenas fazia colaborações e vendia publicidade. “Havia períodos em que ele passava 15 dias sem escrever nada”, observa.

A falta de registro profissional – ainda que ao lado de sua assinatura constasse a identificação de jornalista – gerou discussões antes e depois da morte de Barbon Filho. Seus inimigos políticos e aqueles que um dia ele criticou o acusavam de estar exercendo a profissão indevidamente por não ter formação em Jornalismo.

Depois do assassinato, a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo lançaram uma nota lamentando o crime, mas ressaltando o fato de ele não ter o registro:
“(...) Luiz (sic) Carlos Barbon Filho apesar de se auto-intitular jornalista, não o era de fato e de direito. O jornal Realidade, de sua propriedade, foi fechado, pois nunca esteve regularizado. E Barbon Filho não possuía o registro de jornalista, tendo sido, inclusive, processado por exercício ilegal da profissão (...)”.

A nota causou repúdio de outras entidades de defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão.

Mas mesmo Barbon Filho criava uma confusão sobre esse fato. Tendo sido apenas indicado pela reportagem publicada em 2003 como um dos finalistas ao Prêmio Esso de Jornalismo (um dos mais prestigiados, no Brasil, pelos jornalistas profissionais), quando fazia sua participação na Rádio Porto FM ele era anunciado como o “vencedor” do prêmio. Na pequena cidade de Porto Ferreira, em que praticamente todos se conhecem e o rádio tem um alcance e uso político muito forte, o apresentador João dos Reis, mais conhecido como Jota Reis, anunciava: “A equipe de reportagem da Porto FM foi procurada mais uma vez pelo polêmico jornalista Luís Carlos Barbon Filho, ganhador do Prêmio Esso...”

Sua carreira como repórter começou quase por acaso. “Barbon Filho sempre foi infiltrado em política. Nós montamos um jornal para trabalhar contra a administração da cidade e, como eu era político, não podia colocar no meu nome, então coloquei o jornal no nome dele”, lembra Osmar Villa, que hoje é mais conhecido por sua loja de motos, mas, quando foi criado o jornal Realidade, era vereador.

Atualmente é suplente de vereador pelo Partido da Frente Liberal (PFL). Trabalhou com Barbon Filho no Realidade até pouco tempo antes das denúncias sobre o caso da exploração sexual de menores em 2003. Não tinha mais condições de tocar o negócio, e passou para o amigo.

“Ele falava que só a morte poderia calar sua boca porque, enquanto houvesse coisas erradas, ia denunciar”, recorda Villa. “Só que era manipulado pela política”. A amizade com Barbon Filho se manteve até o último dia. Como o jornalista não tinha conta em banco, por exemplo, Villa lhe facilitava a troca de cheques por dinheiro. Na noite em que Barbon Filho foi assassinado, os dois iriam juntos a um baile.

Após o crime, o jornalista Anderson Rosa de Moraes escreveu sobre o jornal Realidade para o site Observatório da Imprensa: “O intuito da fundação do Realidade era dar voz e liberdade de expressão àqueles que não tinham a oportunidade de se manifestar nos veículos que eram impregnados por publicidades governamentais (municipal) e empresas do status quo”.

Moraes trabalhou com Barbon Filho no Realidade. Ele relata que, na época, “Luiz (sic) Carlos Barbon Filho ainda era um idealista, um sonhador e nosso contato publicitário”. E acrescenta: “Barbon Filho era semianalfabeto (sic), como a maioria da população brasileira, mas era de um valor inestimável e um autodidata (...) Lutava contra as adversidades financeiras do jornal com uma bravura hércula (sic). Observando como era feito o jornal, aprendeu muito e se aventurou pelo caminho do jornalismo.

” Enquanto atuava como vendedor de publicidade do jornal, também cuidava de cachorros abandonados, aplicando vacinas e tratando de cães doentes, mesmo sem ser veterinário.

Para Carlos Augusto Colussi, um dos diretores do Jornal do Porto, o crime contra Barbon Filho foi um crime político, porque ele era um personagem político e queria estar no poder. “Uma de suas frases era: ‘Vocês vão ver na hora que eu estiver num gabinete com ar condicionado – vocês vão congelar”. Barbon Filho trazia os textos para o jornal escritos à mão, às vezes rabiscados em papel de embrulho, noutras ditava para Colussi o que queria escrever – pediu ajuda, por exemplo, para fazer a petição em que denunciou ao Ministério Público a malversação de dinheiro por parte da Prefeitura.

Denúncias atingiram políticos e policiais

Entre as denúncias feitas por Barbon Filho no Jornal do Porto e na Rádio Porto FM, uma chegou ao Ministério Público. Era sobre a licitação a preços exorbitantes para o aluguel de um caminhão para obras da Prefeitura. “Pelo valor de R$ 77,5 mil o prefeito podia comprar dois caminhões”, bradou o jornalista na rádio.

O promotor de Justiça de Porto Ferreira, Fábio José Moreira dos Santos, informa que foi instaurado um inquérito civil público com base na representação feita por Barbon Filho sobre a irregularidade: “Desde dezembro de 2006, período em que estou na cidade, foi a única denúncia feita por ele ao Ministério Público e o inquérito está tramitando”.

O jornalista não poupava críticas ao prefeito Maurício Sponton Rasi. Em 21 de abril de 2007, ao comentar a frustração do povo pelos resultados de um concurso público promovido pela Prefeitura, ele escreveu no Jornal do Porto: “Se tivéssemos políticos sérios o resultado poderia ser outro mas como nosso prefeito é adepto ao nepotismo fica difícil ele pedir para que seus parentes e de seu vice e amigos que já se encontram mamando desde o primeiro dia de seu governo ficassem fora das tetas da mãe prefeitura (sic)”.
Rasi, que além de prefeito de Porto Ferreira é professor de Direito na Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo), era o delegado encarregado das investigações sobre a corrupção de adolescentes na época em que o fato foi denunciado por Barbon Filho no jornal Realidade em 2003.

Em 14 de abril de 2007, o jornalista escreveu um artigo para o Jornal do Porto relatando ter sido procurado pelo pai de duas das meninas envolvidas no escândalo de 2003 para denunciar a falta de apoio dada pelo Conselho Tutelar (que deveria proteger as garotas, porque eram menores de idade) e pela Prefeitura:
“O Poder Público Municipal, que hoje é comandado por um político que indiretamente foi beneficiado por estes episódios, que também usava a Casa do Abrigo como uma conquista sua, onde hoje o local encontra-se quase sem nenhuma utilidade, deveria abrigar estas menores dando a elas e suas famílias, um total apoio social (...).

Em outras manifestações, Barbon Filho já havia insinuado que Rasi, como delegado encarregado do caso, usou o episódio (em que vereadores foram presos) para se eleger. Pela Rádio Porto FM, pouco tempo antes de ser assassinado, havia prometido revelar novos fatos ligados ao mesmo caso.
Rasi moveu um processo contra Barbon Filho por calúnia e difamação em resposta aos ataques que sofria. “Os ataques continuaram, mas eu me posicionei de que não iria promover mais ações criminais, porque teria que mover uma a cada semana”, avalia.

Acusa Barbon Filho de não ser jornalista e de ter atuado de maneira sensacionalista e parcial, expondo vexatoriamente Porto Ferreira como “a capital da prostituição”.
“Após a eleição para vereador (em que Barbon teve uma votação baixa), tentou uma aproximação para que eu o ajudasse a manter o jornal e neguei, tinha recém assumido a Prefeitura”, conta Rasi a SIP. Além disso, salienta: “Essa mesma pessoa (Barbon Filho) que levou o denuncismo aos vereadores (em 2003), quando passa a aliado do grupo que criticava, freqüenta a rádio e o jornal simpatizante. A meu ver, foi um instrumento deste grupo político para atacar a administração”. O prefeito se refere ao fato de que, na época do jornal Realidade, Barbon Filho atacava o então prefeito André Braga. Nos últimos tempos, colaborava com a Rádio Porto FM, que é da família Braga, e que faz oposição a Rasi.

Por isso, o prefeito lamenta a morte de Barbon Filho, mas não admite que o tratem como um herói. Diz ainda que aceita que a administração municipal seja suscetível a críticas pautadas pela moral e pela ética, porém não pela mentira. Quanto a ter sido cogitado como suspeito do crime, Rasi se defende: “Há um ano e meio ele me atacava, se eu tivesse que fazer algo contra, não ia esperar ser questionado pela Câmara de Vereadores sobre uma licitação ridícula que não passa dos R$ 70 mil, por um serviço essencial para o Departamento de Obras”. Ainda mais, acrescenta, um ataque vindo de uma pessoa que era um instrumento político de um grupo.

Em entrevista a uma rádio local, o prefeito disse que Barbon Filho eventualmente praticava extorsão – exigia dinheiro para não divulgar informações sobre determinada pessoa ou fato. A acusação foi rebatida pela viúva.
Também na lista dos criticados pelo jornalista, o vereador Gilson Alberto Strozzi, em seu quinto mandato, sem partido, diz que torce para que os culpados pelo crime sejam punidos. Lembra que Barbon Filho teve um problema com ele, mesmo antes das denúncias de 2003, e admite que ultimamente tinha sido alvo de novas críticas, por isso “estava preparando uma ação na Justiça contra o veículo onde Barbon Filho assinava matérias”.

Foi no escritório de contabilidade do filho de Strozzi que foi fundado juridicamente o jornal Realidade. Strozzi escrevia uma coluna, sob pseudônimo, para outro jornal e dizia ali que Barbon Filho não era o proprietário do Realidade: “Ele não gostava, achava que eu não devia falar”. A rixa chegou ao extremo de os dois se agredirem fisicamente na Câmara de Vereadores.

Segundo Strozzi, a partir daí Barbon Filho aumentou os ataques contra ele. “Era um sujeito maldoso”, acusa. “Enviou uma foto minha para a televisão, e divulgou como se eu estivesse envolvido na história da exploração sexual. Eu tinha recém assumido a presidência da Câmara de Vereadores”. Depois disso, Barbon Filho ainda fez outras acusações no Jornal do Porto e na Rádio Porto FM: “Strozzi é uma pessoa que é um câncer como um político na sociedade. (...) Ele é defensor do salário que seu filho engole todo mês, amamentado pelo prefeito”.

O vereador Luís César Lanzoni (do Partido Trabalhista Brasileiro PTB), acusado e condenado pelo escândalo de 2003, acredita que a associação da morte de Barbon Filho com esse fato do passado só desvia a atenção sobre os verdadeiros culpados. “Qualquer estudante de faculdade, se tiver acesso ao meu processo – são 500 páginas – vai perceber que foi uma farsa”, argumenta. Prova disso, segundo Lanzoni, é que foi reeleito mesmo estando segregado na Penitenciária de Sorocaba, onde ficou até novembro de 2006.

O vereador acredita que foi envolvido no escândalo por interesse de adversários políticos. “Ultimamente Barbon Filho estava procurando as supostas vítimas e não conseguia localizar, ele dizia que ia desvendar e trazer à tona a farsa toda”, diz. Lanzoni desafia alguém da imprensa “séria” a levantar a fundo o que aconteceu na época.

Mais recentemente, o jornalista havia se engajado na defesa de Alcino Ântico, sargento reformado da polícia e proprietário do Bar das Araras (local onde Barbon estava quando foi morto).
Nos dia 31 de março e em 6 de abril de 2007, o sargento assinou artigos no Jornal do Porto relatando como seu bar havia sido fechado por fiscais da Prefeitura e policiais que lhe haviam pedido o alvará de funcionamento. Só que a liberação do documento, conforme explicou, dependia de uma vistoria de outros fiscais, pois a firma estava sendo transferida. Barbon Filho interveio, telefonou para o setor de Alvarás de Utilização e ameaçou chamar a televisão caso os fiscais não fossem até o local para fazer a vistoria necessária e liberação dos papéis.

Antes disso, Ântico já denunciara que um médico havia roubado dinheiro do estabelecimento – o que gerou uma sindicância – e protestara por seu bar ter sido fechado por vender cigarros trazidos ilegalmente do Paraguai, acusando os fiscais da Prefeitura e a polícia de abuso de autoridade e prevaricação. Ameaçava fazer um abaixo-assinado contra determinados policiais. “Barbon conseguiu que o bar fosse reaberto”, recorda a viúva Kátia. A partir daí ele Ântico se tornaram amigos.

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