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31 de outubro de 2002

Caso: Alfredo García Márquez



Apresentador do talk show "Encuentro", da Rádio XEDL Hermosillo, Sonora, México:

1 de novembro de 2000
Alejandra Xanic

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Alfredo García Márquez não apareceu para seu programa de rádio em 31 de outubro. Seus colegas pensaram que tinha viajado novamente. Mas na terça-feira, ficaram surpresos ao ver que ele não aparecia. Nos 13 anos em que trabalhou na estação, García Márquez nunca deixou de avisar que iria faltar ao trabalho.

Na quarta-feira, 2 de novembro, Gloria Elvira Biebrich ficou apreensiva. Às 7h25, durante o primeiro intervalo do "Encuentro", que ela apresentava com Márquez, ligou para a casa dele e para seu celular. Ninguém atendeu.

Decidiu ir com um amigo à casa de García Márquez. Bateram na porta e não houve resposta.

No chão estavam as edições de terça e quarta-feira dos jornais que ele costumava ler antes do programa.

Se fosse outra pessoa, o detalhe não teria importância. Mas no caso de García Márquez, que cumpria suas rotinas, isso era algo estranho.

Algumas horas mais tarde, Claudio Laguna, gerente do Grupo Radio, que dirige a estação, abriu a porta com a ajuda de um ferreiro, subiu até o quarto de casal e encontrou García Márquez morto.

Estava apenas de cueca, de bruços sobre a cama, coberto com uma colcha. Sua cabeça pendia da cabeceira da cama, com uma perfuração de bala visível, e havia uma poça de sangue no tapete.

Pouco depois da descoberta do corpo, o procurador do Estado de Sonora levantou a hipótese de Gárcia Márquez ter cometido suicídio.

Mas os especialistas que examinaram o local não encontraram nenhuma arma. Depois de vasculharem, ao longo da tarde, o pequeno quarto onde o corpo foi encontrado, não encontraram nem sinal da bala. Faltavam também a carteira, as chaves do carro e o telefone celular de García Márquez.

Não havia sinal de entrada forçada nem de luta. Nada havia sido tocado na casa. A porta principal não havia sido arrombada.

A autópsia revelou que García Márquez estava morto há 36 a 48 horas quando o corpo foi encontrado, que havia sido ferido à queima-roupa e que a bala, de calibre não determinado, havia entrado no cérebro pela têmpora direita e saído perto da orelha esquerda.

Tudo isso permitiu que a polícia tecesse duas teorias: que García Márquez havia se suicidado e que alguém removera as evidências e que ele tivesse sido morto por alguém que conhecia.

Quatro dias após seu corpo ter sido encontrado, seu celular e cartões de crédito ainda não haviam sido usados, o que leva a crer que não tenham sido roubados.

As investigações iniciais da Procuradoria do Estado não consideraram a hipótese de García Márquez ter sido assassinado por causa de sua profissão, em parte porque a estação de rádio não possuía gravações dos programas "Encuentro".

Seis dias mais tarde, na terça-feira, 8 de novembro, Manuel Enrique Márquez, soldado do Exército, 20, foi preso por ter supostamente confessado ser o autor do crime. A polícia o prendeu depois de receber uma denúncia anônima.

Locutor de 7 às 10

O "Encuentro" era um dos programas de rádio de maior audiência em Hermosillo. Não era um noticiário, apenas um talk show no qual os ouvintes ligavam e expressavam suas opiniões. Quando havia poucas chamadas, os locutores liam notícias de jornais locais e as comentavam.

Dos âncoras, Biebrich era a boazinha e García Márquez o mau.

No programa, era cético, teimoso e irascível. Em pessoa, era bem-humorado, meticuloso e bastante reservado.

Nos dias anteriores à sua morte, ninguém imaginaria que seus comentários pudessem despertar a ira de algum político ou funcionário do governo.

"Em 13 anos, nunca tivemos nenhuma reclamação, pressão ou ordem de ‘calar a boca’", disse Biebrich. "Acho que o motivo não foi esse."

"Alfredo não era um jornalista", disse Carmen Alicia Espinoza Ortega, repórter do jornal El Independiente, de Hermosillo e amiga íntima de García Márquez. "Não possuía arquivos e não fazia reportagens."

García Márquez era um locutor das 7 às 10. Depois de sair da rádio, às 22 horas, deixava de ser locutor e se dedicava a suas outras paixões.

Passava o resto do dia em casa, fazendo consertos e trabalhando na casa e na decoração. Ficava horas na Internet ou fazia traduções de peças que desejava produzir. Não freqüentava bares nem restaurantes, mas costumava ir ao cinema diariamente.

Nunca participou de coletivas nem aceitou convites para se reunir com políticos ou funcionários do governo. Seu trabalho terminava quando deixava a estação.

Suas últimas horas

O domingo, 29 de outubro, foi seu último dia de trabalho. Como de hábito, ele falou sobre buracos nas estradas e sobre a falta de manutenção do sistema de água e de esgoto.

Esses eram seus alvos freqüentes: serviços públicos, atenção às queixas dos cidadãos. Não falava muito sobre tráfico de drogas ou corrupção, tópicos que certos jornais da cidade do norte mexicano tendem a abordar sem restrições.

Com o programa de domingo, García Márquez teve de retornar a seu trabalho regular, depois de tirar férias por 18 dias em outubro, que terminaram uma semana antes de sua morte.

Esse programa, um dos poucos que foi gravado, foi normal, sem questões controvertidas ou excessos.

"Aqui é Alfredo García Márquez. Até amanhã, se Deus quiser", foi como se despediu.

A morte na segunda-feira

A última pessoa a vê-lo com vida foi Noé Contreras, colega na estação de rádio. Ele viu García Márquez na noite de segunda-feira dirigindo seu carro. Estava um pouco afastado de sua casa, próximo aos cinemas que costumava freqüentar e do quartel.

O soldado preso disse em sua suposta confissão, conforme citação do jornal local El Imparcial, que García Márquez o havia abordado por volta das 22h30 da segunda-feira quando ele saía de uma loja perto do quartel.

Os dois se conheciam, pois haviam se encontrado anteriormente. García Márquez ofereceu-se para lhe dar uma carona até o quartel, mas pediu-lhe que o acompanhasse até sua casa porque esperava um telefonema.

Márquez atendeu ao telefonema e o soldado esperou em sua casa durante a chamada. Mostrou-lhe a casa e depois, supostamente, tentou seduzi-lo.

O soldado pegou sua arma para se defender. Não houve luta e a arma disparou.

O soldado retirou a bala da poça de sangue no tapete, depois removeu suas impressões digitais de toda a casa. Levou alguns pertences de García Márquez para que o incidente parecesse um roubo, livrou-se de sua jaqueta manchada de sangue e dirigiu-se para o quartel.

No dia seguinte, contou o ocorrido à sua namorada, Verónica Castro. Ela contou tudo à amiga com quem mora, cujo namorado, José Alfredo Pérez Barraza, ajudou o soldado a se livrar dos pertences de García Márquez.

A notícia se espalhou. Alguém ligou para a Procuradoria e fez a denúncia. Márquez foi libertado sob fiança e as autoridades tentam formar a acusação contra ele.

"Queremos pegar os culpados, não estamos interessados na vida particular de García Márquez", disseram os ouvintes na rádio ao longo das semanas conforme os jornais locais mostraram em suas primeiras páginas detalhes de seu estilo de vida.

O programa "Encuentro", apresentado agora apenas por Bieberich, tem sido repleto de memórias, nostalgia e protestos. "Paciência, é o que pedimos a todos, paciência. Não queremos nenhum bode expiatório e nada desse tipo", ela disse.

A Procuradoria do Estado parece estar satisfeita com suas investigações e os resultados obtidos até agora. Márquez está em prisão domiciliar. A Procuradoria tenta fazer com que ele volte para o quartel e pretende seqüestrar sua arma, a qual ele diz ter levado para lá.

A polícia continua suas investigações sobre os jovens que o ajudaram a encobrir o crime, para reforçar o caso contra ele.

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