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Jorge Lourenço dos Santos
11 de julho de 2004

Caso: Jorge Lourenço dos Santos



Policía investiga el asesinato de periodista radial:

23 de julho de 2004
Clarinha Glock

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A morte do radialista Jorge Lourenço dos Santos, 59 anos, assassinado em 11 de julho de 2004 próximo a sua casa, onde funciona também a sede da rádio Criativa FM, em Santana do Ipanema, Alagoas, tem muitos suspeitos e poucas certezas. A polícia trabalha com a hipótese de que o crime esteja relacionado às críticas feitas por Santos em seu programa a vários políticos da região. Até o dia 22 de julho, o delegado Valter do Nascimento Rocha, titular da Delegacia Municipal de Santana do Ipanema, ouviu o depoimento de 10 pessoas, sem que nenhuma prisão tivesse sido decretada. “É um caso delicado, porque o radialista era temperamental, agia por impulso e denunciava administradores, prefeitos, políticos”, observou o delegado.

Eram cerca de 19h 25min de domingo. O radialista ia guardar o carro que havia estacionado em frente à casa. Ao deixar o veículo, foi surpreendido por um homem, que disparou contra ele quatro tiros e fugiu a pé. O filho de Santos, de 16 anos, saiu correndo atrás do assassino, mas foi contido pelos vizinhos, que temiam por sua vida.

O radialista era proprietário da rádio e apresentava um programa de “forró pé-de-serra”, música típica da região. No programa, além de apresentar as músicas e fazer campanhas assistencialistas, criticava freqüentemente políticos e personalidades locais. Por isso, era visto como uma figura polêmica na cidade. Já havia trabalhado em outras emissoras de rádio comerciais, onde mantinha o mesmo perfil de programa. Nos últimos tempos, tentou abrir uma outra rádio no município de Major Isidoro. Fez apenas dois programas em dois domingos seguidos, mas desistiu. Disse à mulher, Genilda Freitas da Silva, 38 anos, que iria esperar encerrar o período das eleições para retomar o projeto. Estava providenciando a documentação.

Ele próprio tinha se candidatado mais de uma vez ao cargo de vereador pelo município de Major Isidoro. Atualmente, apoiava a campanha de Genilda, candidata a vereadora pelo Partido Verde em Santana do Ipanema. Além da rádio, ele tinha um Minitrio – uma motocicleta que puxa caixas de som com alto-falantes – com o qual percorria as ruas fazendo propagandas.

A rádio Criativa FM, que ainda funciona na casa do radialista, fica na BR 316, uma rodovia larga que dá acesso à cidade para quem vem da capital, Maceió. Separada por canteiros com plantas e árvores, a avenida tem pontos escuros à noite. E, apesar de haver uma sede de um clube muito próximo ao local, naquele dia não havia movimento.

Mesmo que houvesse, dificilmente alguém se atreveria a testemunhar contra o assassino, por medo de represália. Tudo leva a crer que a morte de Santos foi encomendada e o pistoleiro provavelmente não é da cidade, segundo observou Max Antônio de Andrade, chefe de operações da delegacia municipal. Apesar da greve da Polícia Civil no Estado de Alagoas, que já dura mais de 20 dias, o delegado Valter do Nascimento Rocha assegurou que as investigações sobre o crime vão prosseguir, devido à grande repercussão. Mas disse que não ainda não tem pistas concretas sobre o culpado porque o radialista havia atacado muita gente com suas críticas na rádio. “Como envolvem candidatos da região e famílias influentes, estamos tomando cuidado para não fazermos imputações levianas”, observou Rocha.

Pela cidade de Santana do Ipanema circulam boatos de possíveis suspeitos entre candidatos a prefeitos, ou parentes e assessores próximos destes políticos. Também foi cogitado como motivo do crime uma briga que Santos teria tido dias antes de ser morto, por causa de uma conta de publicidade que não foi paga.

A boataria se alastra rápido num município pequeno como Santana do Ipanema, com 42.600 habitantes, a 210 quilômetros de Maceió, no sertão de Alagoas. A cidade depende da agricultura e da pecuária para sobreviver e é mais conhecida na região por ter sido palco de fatos ligados ao movimento dos cangaceiros – bandos considerados bandidos por uns; justiceiros na visão de outros, e cuja fama nasceu e se desenvolveu em meio à pobreza delimitada pela seca e pela concentração de poder na mão de poucos no Nordeste.

Outros casos

Nas cidades do interior de Alagoas que ainda hoje carecem de meios de comunicação fortes, multiplicam-se pequenas rádios como a de Santos. Ele tinha um registro como radialista, mas a maioria dos donos dessas pequenas emissoras sequer isso têm. Só na capital, Maceió, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Rádio e TV do Estado de Alagoas, existem 38 rádios comunitárias. Em todo o Estado, são 144, e grande parte delas no interior. Pelo menos 60 a 70 são ligadas a políticos. Em geral, seus proprietários compram os equipamentos e se estabelecem em casa, dizem que são emissoras comunitárias, mas os locutores não têm formação, cuidam também da parte comercial e muitas vezes usam a venda de publicidade para chantagear os prefeitos. Os ataques aos radialistas tendem a se agravar devido à proximidade das eleições para vereador e prefeituras, em outubro de 2004. “O microfone é uma arma, se a pessoa pega para falar o que bem entende tem de assumir as conseqüências”, observou Marcos Antonio Vasconcelos, presidente do sindicato.

Desacostumados a receber críticas, os políticos e administradores locais se sentem ultrajados quando alguma destas rádios resolve assumir o papel de defensora da comunidade ou divulgar irregularidades – algumas vezes com provas, noutras não. José Paulo Bomfim, secretário de formação da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), lembra de vários casos de agressão nos últimos cinco anos. Um radialista da cidade de Penedo levou uma surra depois de fazer críticas à administração municipal. Em São Sebastião, invadiram uma emissora e bateram no radialista até ele desmaiar. No município de Junqueiro, uma comunicadora foi agredida. Em Teotônio Vilela, foi incendiado o prédio da Rádio Progresso FM. Em Delmiro Gouveia, um rapaz também foi vítima de agressão, desconfia-se, por comentários feitos na Rádio Pedra FM.

Mais recentemente, em 23 de junho deste ano, José Cícero Gama Guimarães, da Rádio Pilar FM, foi morto a tiros de espingarda 12 na porta de sua casa, na cidade de Pilar. Ele trabalhava na rádio e era cabo eleitoral de políticos locais.

A Abraço e o Sindicato dos Radialistas solicitaram à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/Alagoas) que coloque um advogado à disposição da família de Santos para acompanhar o inquérito e evitar que o crime fique impune. A seccional da OAB tem se dedicado a lutar contra a impunidade. “Alagoas tem uma tradição de violência que está ligada a uma institucionalidade mais profunda”, acredita Narciso Fernandes Barbosa, coordenador-geral da Comissão de Direitos Humanos da OAB/Alagoas.

Geralmente a morte decorrente desta violência está ligada a uma disputa de poder. Barbosa integra o Fórum Contra a Violência, que aglutina várias entidades da sociedade civil e teve uma participação decisiva na denúncia de casos em Alagoas, onde o envolvimento de policiais e políticos com o crime organizado e a pistolagem ocuparam e ainda ocupam as manchetes dos grandes jornais no Estado.

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